segunda-feira, 30 de maio de 2011

3° fichamento de genética

 genética dos distúrbios do sono na infância e adolescência.


Os distúrbios do sono (DS) são relatados freqüentemente durante a infância e adolescência. A história familiar positiva é comum1. Devido a sua elevada prevalência podem representar uma epidemia mundial emergente2.
A importância do diagnóstico e tratamento dos distúrbios do sono em crianças depende, entre outros fatores, dos achados sobre a influência do sono e do temperamento na vida escolar3.
Em contraste com o progresso impressionante da genética molecular dos ritmos circadianos, pouco se sabe sobre a base molecular do sono normal4–7. A pergunta sobre qual seria a função do sono segue sem resposta na Biologia5.
Muitos distúrbios do sono apresentam recorrência familiar, mas até hoje a pesquisa sobre a genética molecular dos distúrbios do sono continua sendo, surpreendentemente, um dos últimos campos ativos2.
Os estudos genéticos geralmente se restringem à narcolepsia, à síndrome das pernas inquietas (SPI) e a apnéia obstrutiva do sono.
Nos últimos anos, muitos genes foram associados a muitas doenças. O mapeamento destas alterações facilitou a identificação de pessoas afetadas, melhorou a compreensão de seu prognóstico e funcionou como novos alvos para o desenvolvimento de medicações.
O objetivo deste artigo é revisar a literatura sobre a genética dos distúrbios do sono na infância e adolescência para permitir a melhor compreensão destes distúrbios e para orientar o pediatra generalista em direção ao seu diagnóstico e prognóstico.

Síndrome do avanço da fase do sono e síndrome do atraso da fase do sono
O sono é regulado por um processo homeostático que determina sua necessidade e por um processo circadiano que determina sua freqüência19. O ciclo vigília–sono é controlado pelo relógio circadiano, e o primeiro gene do relógio a ser isolado (Clock, per) foi identificado em uma mosca drosophila. Mais tarde, contrapartes homólogas foram encontradas em mamíferos20.
Recentemente, dois genes envolvidos em distúrbios circadianos do sono foram descobertos 21. A síndrome do atraso de fase do sono (SAFS) é caracterizada pelo atraso do início do sono e pela demora para acordar (3–6 horas) em relação aos horários convencionais para as duas ações. Os pacientes típicos normalmente não adormecem antes das 2h da manhã e não acordam antes das 10–12h, apesar da arquitetura do sono poder ser considerada normal. Os pacientes normalmente relatam estarem mais alertas durante a noite do que durante a manhã. Quando o paciente é forçado a acordar mais cedo devido a compromissos escolares, o resultado pode ser a insuficiência crônica de sono e o excesso de sonolência diurna. Esta é uma das reclamações mais freqüentes na adolescência, associada também a problemas de desempenho escolar1,20. O atraso de fase de sono está associado ao polimorfismo em Per3. A síndrome do avanço de fase do sono é caracterizada por horários de início de sono e de acordar habitual e involuntariamente mais cedo do que a média da sociedade. Esta síndrome, menos comum do que a SAFS, geralmente ocorre na faixa etária pediátrica19 e é causada por uma mutação pontual em um gene do relógio biológico (Per2)21.
Insônia
A insônia é definida como a dificuldade iniciar e/ou manter o sono. A insônia infantil geralmente está relacionada com uma série de fatores externos e ambientais ou a hábitos que variam com a idade, da primeira infância à adolescência. Sua patofisiologia é completamente diferente na idade adulta e, portanto, a abordagem clínica do pediatra também deve ser22. Apesar dessa queixa estar associada freqüentemente a história familiar positiva, nenhum gene específico foi descoberto para a insônia.
Pesquisadores usaram modelos animais de privação do sono para identificar o gene Homer1a, cuja expressão reflete a susceptibilidade à perda de sono19. Pacientes adultos homozigóticos para o genótipo do gene clock estão mais predispostos à insônia inicial, média e terminal. Além disso, a insônia familiar fatal, uma doença letal que não ocorre na infância, foi relacionada com uma mutação pontual no gene da proteína priônica21.




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